Mudanças são
compreensíveis á medida que elas não firam nossos princípios, e que aconteçam
dentro de nosso tempo, isso é, no mesmo ritmo de nosso coração. Não sendo
assim, a coisa fica estranha, cria um vazio e esse vazio nos incomoda, porque
fica muito grande e barulhenta a falta daquilo que se foi. Tentamos mentalmente
de todas as formas buscar aquela velha imagem que mudou ou simplesmente fugiu. Mas
o gato não quis saber, não houve atritos nem discussões, a paz reinava, na mais
perfeita ordem, estávamos todos felizes, cada qual desempenhando sua função,
mas ele mudou. Sem prévio aviso... mudou.
É uma tomada de decisão muito drástica que nos pega de surpresa, (calças curtas), (no
contra-pé), (do nada), no (ora veja) e muito mais, escrevi em vários dialetos
para declarar a minha indignação, considero que é muita maldade mudar assim sem ao menos
ameaçar, do tipo;
-Ei, eu não quero mais isso!
-Não agüento mais essa vida com as mesmas caras.
-Estou avisando, se não mudarem, eu mudarei.
Mas não foi nada
disso, foi muito frio, avassalador, nem ficamos sabendo se foi premeditado ou
uma repentina vontade de (causar), e ele causou.
Nossa equipe estava em franca etapa de recuperação,
e a estratégia fora montada para superar a fase de vales em que a pouco havíamos
passado. Em toda e qualquer estrutura organizacional existem tempos de picos e
tempos de vales, e havíamos decido de um bom pico para quase no fundo do vale,
e nos organizamos para a retomada, que consistia em momentos de reflexão,
economia, trabalho pensado, boa alimentação, e acima de tudo paz e
acontecimentos felizes.
Peço sua paciência cara leitora ou leitor para
voltar no tempo e assim melhor situar essa história que vejo grande necessidade
de reclamar, denunciar e apelar pelo bom senso comum de nossa já sacrificada
sociedade, mas o retorno é breve apenas um ano. Nesse hiato de tempo nossas
energias estavam concentradas em um grande projeto, a finalização de nossa tão
sonhada sede para morar. A casa própria para sermos família feliz. Você deve estar
se perguntando que raio é isso de organização, casa própria.
Eu explico;
estou raciocinando com tanto afinco em como pagar minhas dívidas, em como
trabalhar menos e ainda continuar ganhando que confundi tudo e, de mais a mais,
quando falamos aos nossos colaboradores da empresa que devemos ser unidos
trabalhar em equipe como se fossemos uma família? A recíproca é verdadeira, uma
família que procura viver em harmonia em um pensamento comum com fim comum, em
equipe, também é uma empresa com determinados fins financeiros e de felicidade.
Voltamos lá, e naquele tempo, há um ano, as
economias chegaram ao fim e ainda falta todo o acabamento de construção de
nossa casa. E como ma fase não vem sozinha, é como cobra, onde há uma
peçonhenta, há também sua companheira por perto, a rentabilidade de um de meus negócios
diminuiu aquém do esperado, e tive que fechar um pequeno empreendimento que não
deu certo. Resumindo, que não tínhamos dinheiro e isso é sinônimo de; (dor de
cabeça), (insônia), (ansiedade) e (insegurança), e pior a gente começa brigar
por qualquer coisa. E ainda estávamos de
luto porque nesse ínterim morreu a mais linda gata de nossa família.
Em uma manhã chega um amigo trazendo um convidado,
o gato, jovial, simpático, olhar meigo e carinhoso com movimentos lânguidos. E sua
intenção era passar a morar conosco, o que foi de pronto convidado com todas as
honras que um honrado ser merece, e ele aceitou de bom grado. Os dias foram
cheios de novidades de troca de experiências de descobertas como funcionava a
casa, de que coisas o mais novo membro gostava de comer, as horas de descanso
as alegres e esperadas horas de brincadeiras. Mas lá no cantinho de nossa mente
martelava uma desagradável sensação de insegurança, será que um dia ele iria
querer ir embora? Ainda não tínhamos certeza de sua idade, com o corpo já
totalmente desenvolvido nos passou a ideia de já adulto, mas sua disposição era
de muito jovem.
As novidades, boas novidades se tornaram rotina em
nossa casa, nosso mais novo membro chamava a atenção de todos pela sua
afetividade e hospitalidade para com os visitantes. Não tinha mais nenhuma
rotina na casa em que o gato não se fizesse presente ou por que era convidado
ou ainda porque estava sempre disposto a participar de todas as atividade,
menos quando estava dormindo e esses períodos de descanso eram longos porque o
sono esta sempre presente enquanto gato. A construção de nossa nova casa fica
pegada ao imóvel que ora moramos, então vivemos tanto na construção como em
casa e ele sempre junto.
Bem, o trabalho em equipe, que era constituído de
quatro membros todos com poder total de voto para a decisão do grupo, a família
consistia em;
Homem; eu, trabalho incansável das oito horas da
manhã até ás dez e meia da noite.
Mulher, minha esposa; faina diária sem interrupções,
das dez e meia da noite, hora em que eu chegava para o jantar, até ás dez e meia
da noite, hora em que eu vinha para o jantar.
Sogra; mãe de minha esposa, trabalho de observar,
falar e observar, observar e interagir com o gato, tomar conta do horário dos remédios
dela, e observar, e ainda contribuir financeiramente com os gastos da casa, de
vez em vez lança mão de parte de sua aposentaria para tanto, porque a vida não
era moleza e nos atropelava.
O gato; trabalho de enfeitar os nossos momentos,
dormir, se apresentar para o banho, dormir, se dispor para as escovas, dormir,
brincar, espantar as pombas que atrevidas teimavam em fazer ninhos nos vasos de
orquídeas, subir no telhado e espantar os morcegos que insistiam em aterrorizar
as mulheres da casa e as visitantes, nos acompanhar na construção, examinar
cada canto dela, e a todas as mudanças então feitas e construídas, juntar barro
nos pés e sujar calçadas e muros, nos acordar todas as manhãs. Se caso a preguiça era muita ele devia subir na cama e morder a cabeça de minha esposa até ela despertar. E devia tabém caminhar
graciosamente em cima dos muros para apreciação dos transeuntes.
Mas sua
principal função era de nos chamar para a grande seção de esconde-esconde, era tão
intensa que até ele cansava, a atirava-se no chão e ficava alegremente nos
olhando meio que de soslaio, esta atividade nos desviava de todas as
preocupações nos transportando para momentos ímpares. Mas novos ventos
trouxeram novos fatos e qualquer organização terrestre falha, e a nossa falhou,
á maquina quebrou. Um temido defeito, um câncer se apresenta e me faz parar
tudo para nova rotina de exames, hospital, cirurgia, tratamento, dor, revolta e
recuperação. Vinte dias depois retorno para casa, e o gato então sentou ao meu
lado silencioso, paciente, esperando por uma explicação de tão demorada ausência,
e eu lhe contei. Ele se retirou silenciosamente com caminhar de gato e foi
remoer seus pensamentos até adormecer.
Novo recomeço, novas rotinas, redistribuição das
tarefas, e o gato mais do que nunca fora requisitado para comparecer em todas,
afinal eu estava quase todo o tempo em casa. A harmonia estava quase de volta,
alguns senões contornáveis. Mas o gato quis inovar e tomou para si mais uma
rotina, a de circular pelos vizinhos e ruas numa inspeção rotineira de todas as
noites. Analisamos este novo compromisso, ponderamos os perigos e a liberdade,
e decidimos que essa tarefa tinha que ser feita e ele continuou. Uma luz no
jardim ficava acesa para suas atividades noturnas, com a luminosidade apareciam
muitos moradores que divertiam nosso amado. Sua noitada consistia em duas
visitas dentro de casa, para tomar água e comer, e pela manhã, seis horas da
manha nos acordava, para que a casa funcionasse.
Numa noite em que a felicidade era plena, e que
minha esposa tinha concordado em brincar com ele a noite..., ele foi embora, de
madrugada, na calada da noite, anoiteceu e não amanheceu. O GATO MUDOU. Por que
motivo! Não sabemos. Não tem mais esconde-esconde, as
pombas tomaram conta, vêm até meus pés acintosamente, e os morcegos morcegam
nossas idéias, e o cachorro da rua até quer entrar novamente no pátio para nos
visitar, isso ainda não permiti.
Quero contar essa
historia, eu tenho a esperança que você gato esteja onde estiver, e tomar
conhecimento desse texto venha á saber que você nos faz muita falta, que esta
sua atitude, fabricou um monte de lembranças boas e ruins e sentimos de muitas
saudades.
Eu tenho a esperança que se algum senhor ou
senhora, menino ou menina tenha convidado nosso honrado gato para passear ou
mesmo morar convosco, e por acaso ler esta reclamação, saiba que embora ele
leve a vós alegria e felicidade, levou de nós esperança e momentos felizes e um
pacote peludo de muito amor e carinho.
Estou pensando e fundar uma comunidade. “CRIEM SEUS
PRÓPRIOS GATOS”.
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