sábado, 23 de fevereiro de 2013

Falar solidão



Nos é conhecida a febre/paixão
E quando a perdemos
Somos o raciocínio
Em pura língua solidão

E, resta somente o fascínio
Daquilo que nos fez só
E só estamos
Porque não mais temos
E não temos porque não somos

Não somos, partiram
Parte das entranhas levaram consigo,
O coração, partiram...
Já não estamos
Mutilados carecemos de abrigo.

E o silencio não se faz,
Discursamos articulações
Reclamamos de volta os que partiram
Partiram nossos corações.

Mas parece que estamos completos
E o silencio nos empurra
Nos descobre  o dialeto
E em solidão sussurra,

É um passado que é presente
Uma vontade de perdão
Uma revolta e tanto
O dissabor amargo
Quando se articula solidão

Na solidão entendemos
O espelho nos reflete
Nada falta, nada sangra
Inteiros, nada perdemos,
Do nada somos tudo

Os que partiram não partiram
Só o que era deles se foi
O fascínio do que não mais é
Em nós sempre é
Nunca notamos, não botamos fé.

E a solidão que não se cala
Nos acusa nos enaltece
Sempre com a mesma fala
Pretérito mais que perfeito
Fizera eu,  para não perder
Agira assim para sempre ser.

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